quarta-feira, 1 de abril de 2009

Manifesto contra a transposição do Rio São Francisco

O Projeto da Transposição do Rio São Francisco envolve o aspecto político, geográfico, social, ético, econômico, jurídico e ecológico. Todos estão interligados.


É politicamente incorreto, pois o organismo que responde pelas bacias hidrográficas - o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, instância decisória e legal - foi contrária ao projeto. Segundo nossa visão de mundo, o projeto peca por falta de embasamento, conteúdo e forma. Em resumo, o que é do interesse de todos, precisa do consenso da maioria.


Geograficamente, a área de influência do Projeto se restringe a apenas cerca de 5% do semi-árido nordestino, o que mostra que sua grandiosidade não tem uma correspondente em termos de abrangência. A população difusa do semi-árido não será beneficiada.


Socialmente, o Governo Federal não se preocupou em articular e integrar suas ações através de um Pacto político com os sete Governos Estaduais e com mais de 500 Governos Municipais envolvidos por problemas da região. O Projeto não foi discutido com praticamente ninguém. Ele veio de "de cima para baixo", em uma postura extremamente autoritária por parte do Ministro da Integração Nacional.


O aspecto ético: O Projeto alcançaria 12 milhões de pessoas - 268 cidades, entre elas Fortaleza, João Pessoa, Campina Grande e Caruaru, cidades que têm outras formas de melhorar o abastecimento público - e irrigaria 300 mil hectares de terras até o ano de 2020. Entretanto, 70% do consumo médio de água do Projeto vai ser direcionado para os pólos tradicionais de irrigação da região. O Projeto tenta ignorar a estrutura econômica, social e política que é a principal causadora do atraso e da miséria no nordeste brasileiro.


Economicamente: Uma análise de custo-benefício mostra que os 4,5 bilhões de reais (dado oficial. Na realidade poderá chegar a 20 bilhões de reais.) seriam aplicados em uma solução de engenharia hidráulica que desconsidera uma infra-estrutura hídrica contra a seca, já existente no semi-árido, bem como um razoável avanço ocorrido no sistema de coleta de água das chuvas.


Juridicamente: Intervenção sobre terras indígenas exige aprovação do Senado Federal. E há liminares na justiça cancelando a Licença Prévia obtida. Há cinco Estados doadores de água e quatro Estados receptores. Até hoje, não se estabeleceu quem pagará a quem, quanto e como. As referências legais ainda não foram devidamente esclarecidas (leis, normas e resoluções do Conselho Nacional de Recursos Hídricos).


Ecologicamente, a agronegócio, monoculturas e mineração estão dizimando milhares de nascentes e secando rios. As ações de revitalização na Bacia do Rio São Francisco vêm sendo manipuladas e proteladas pelos Governos Federal e Estaduais que continuam surdos aos argumentos de que "não se deve fazer a transfusão de sangue em um paciente que está anêmico". O problema do semi-árido se resolve com um Projeto de convivência com o Semi-árido, o que passa pela construção de 1 milhão de cisternas.


Um tema nunca mencionado é o do custo da energia elétrica necessária para bombear a água para altitudes que chegam a 300 metros e para distância de 750 Km. A operação do sistema será privatizada, envolvendo técnicas e custos que serão repassados para as tarifas.


Tecnicamente, não existe nenhum problema na execução da Transposição, estando a engenharia brasileira perfeitamente apta a construir estações de bombeamento, túneis, aquedutos e reservatórios. Entretanto, o que se questiona é a razão pela qual alternativas tecnológicas não foram, efetivamente, contempladas e seus respectivos custos não foram nomeados.


Um aspecto técnico importante, porém nunca mencionado, é o das grandes perdas da água por evaporação (três vezes maior que no centro-sul), em canais abertos de longas distâncias nas elevadas temperaturas durante o ano todo, no semi-árido.


Conclui-se que a obra não combaterá a injustiça social, a água não chegará à área mais carente do semi-árido e não beneficiará as famílias sertanejas que ali vivem. A obra é muito interessante para as firmas empreiteiras, projetistas e, principalmente, para os grandes irrigadores da região, produtores de hortifruticultura e camarão para exportação (hidronegócio).


O caso do Estado do Rio Grande do Norte merece destaque. Especialistas da UFRN comprovaram que o Projeto trará água para poucas regiões do Estado, que já a possuem com relativa abundância e que a irrigação consumirá 92% da água do Projeto, deixando de lado a questão do abastecimento difuso que está diretamente associado à calamidade provocada pelas secas e pelas cercas dos latifúndios.


Nossa conclusão é que a Transposição do Rio São Francisco - no atual contexto - não passa de mais uma obra faraônica e insana, planejada com recursos públicos e cujos benefícios serão dirigidos a um pequeno grupo de privilegiados, principalmente os grandes irrigadores da região, empresários do hidronegócio.


A Ordem dos Advogados do Brasil, a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), a grande maioria dos cientistas brasileiros (de incontestável competência técnica) bem como a grande maioria das Igrejas cristãs e da própria CNBB, ao fazerem uma análise global dos vários aspectos do mega-projeto, se posicionaram contra o mesmo.


Extrato do livro SÃO FRANCISCO, um presente, de Frei Cláudio van Balen, Sérgio Bittencourt e Cláudio Guerra. Livro lançado dia 11/04, na Igreja do Carmo, em Belo Horizonte/MG. O livro pode ser adquirido pelo e-mail: pastoral@igrejadocarmo.com.br

Disponível em: http://www.adital.org.br/site/noticia2.asp?lang=PT&cod=2199


domingo, 15 de fevereiro de 2009

Saúde e... Saúde é...

Reflexões sobre coisas que faltam na nossa formação

Todo mundo que faz um curso da saúde escuta falar em algum momento que saúde e doença são uma coisa só, que uma coisa não é a falta de outra, mas sim um processo “biopsicosocio-ambiental” (e há quem acrescente espiritual, também, a esta plêiade). Pois bem, temos infinitas matérias para discutir o lado biológico da saúde. Algumas matérias para discutir o psicológico. Ainda, há quem diga que tenhamos matérias para discutir o lado social! Contudo, onde está o espaço da discussão do processo saúde-doença enquanto um processo ambiental no curso de medicina?
Essa falta não é perceptível somente na sua faculdade. Apesar de que nas diretrizes para a medicina está inserida a necessidade de se discutir saúde ambiental de forma transversal durante o curso, essa é uma realidade de poucos espaços pelo Brasil. E isso se reflete em médicos sem a noção de uma das partes mais “macro” do processo saúde-doença: a interferência do meio. Seja através de vetores, pela poluição do solo, do ar ou das águas, pelas conseqüências dos desmatamentos e assoreamentos, ou da falta de comida que alguns enfrentam pelo encarecimento dos gêneros alimentícios - baixa oferta, a questão ambiental permeia todas as áreas da medicina.
Diante dessa necessidade, a Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina (DENEM) através da Coordenação de Meio Ambiente (COMA) vem tentando construir um debate em cima do “meio” ambiente, sua relação com a saúde e sua inserção na Educação Médica. Para quem tiver interesse em discutir essas e outras pautas (“Transposição do Rio São Francisco”, “Soberania Alimentar”, “Amazônia”, “Agroecologia”, “Desenvolvimento Sustentável”, etc), visite a comunidade COMA DENEM no orkut, ou acesse: www.yahoo.com.br/grupos e procure por “COMA DENEM”.

Saúde Ambiental: É a área da Saúde Pública afeta ao conhecimento científico e à formula­ção de políticas públicas relacionadas à interação entre a saúde humana e os fatores do meio ambiente natural e antrópico que a determinam, condicionam e influenciam, com vistas a melhorar a qualidade de vida do ser humano, sob o ponto de vista da sustentabilidade (GGVAM, ABRASCO 2003)

José Medeiros do Nascimento Filho
Coordenação de “Meio” Ambiente – COMA – Gestão DENEM 2009.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Reunião Virtual

A primeira reunião virtual da rede de ajuda da COMA acontecerá no dia 15 de fevereiro, as 14h...
É fácil! É só entrar no msn nesse dia e horário e adicionar Medeiros, COMA, e ele adiciona o pessoal numa mesma janela...
O email dele é: presbita@hotmail. com

Aguardamos o crescimento dessa idéia ainda incipiente!
Participem conosco!

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

COMA Saúde

Coordenação de Meio Ambiente - COMA
Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina - DENEM

É sério, pessoal! A COMA vai sair do coma... A coordenação que estava em vistas à extinção, como muitas coisas em nosso meio, está se encaminhando para uma formação política sobre Movimento Estudantil e sua correlação com o meio onde vivemos!

E a tentativa de reestruturá-la surgiu no XXI Congresso Brasileiro dos Estudantes de Medicina (COBREM), onde a nova gestão da DENEM foi eleita e, finalmente, surgiram pessoas com finalidade de tocar a COMA.

Estamos montando um grupo de apoio para fundamentar nossas discussões!

Contamos com sua participação!

Greg de Sá Silva
Medicina UERN
Coordenação de Meio Ambiente - COMA - DENEM